No mundo estima-se que cerca de 35,6 milhões de pessoas possuem a Doença de Alzheimer.
No Brasil estima-se que sejam 1,2 milhões de pessoas, e boa parte sem tratamento ou diagnóstico da demência.
No entanto, o diagnóstico é somente o início da jornada. É necessário entender como funciona essa doença para que tanto o paciente, quanto seus familiares e rede de apoio saibam como seguir a vida após a notícia.
Não existe cura, mas é possível ter qualidade de vida
Se algum membro de sua família foi diagnosticado com a Doença do Alzheimer, é importante que você saiba que ainda não existe uma cura.
Os tratamentos disponíveis atualmente visam retardar a progressão ao longo do tempo.
Por isso, sempre estou falando da importância da família e toda a rede de apoio entender como a doença se manifesta, seus principais sintomas, o que esperar das medicações, como evolui com o tempo, e os impactos que ela traz para a vida da pessoa.
Após o diagnóstico, é preciso além de conhecimento sobre a doença, muita empatia, paciência, carinho e companheirismo.
Sabemos que a Doença de Alzheimer é caracterizada pela piora progressiva dos sintomas ao longo do tempo.
Nas fases iniciais há um prejuízo principalmente na memória recente e desorientação temporal. Nesta fase é possível que a pessoa mantenha boa parte de suas atividades, mas com alguns ajustes e supervisão, como uso de agenda, lembretes e check lists, ter um lugar específico para colocar cada objeto, ter um calendário e relógio sempre à vista, medicamentos já separados por horários. Se manter ativo e com interação social é essencial.
Reavaliações programadas com o especialista são imprescindíveis nesta fase, pois com a evolução do quadro a dificuldade para executar tarefas simples se exacerba, dirigir já não é mais seguro, e até atividades como cozinhar podem ser complicadas para o paciente.
É uma fase que exige muito jogo de cintura dos familiares, pois muitas vezes o paciente não tem consciência e/ou não aceita as próprias limitações.
Com a evolução do quadro o paciente passa a precisar não somente da supervisão do início, mas de ajuda para realização das atividades do dia a dia com segurança.
Alterações de comportamento, oscilações de humor, agressividade e apatia podem ocorrer com a evolução do quadro.
Algumas medicações podem ajudar, e também ajustes comportamentais, como manter o ambiente bem iluminado durante o dia, ter uma rotina bem estruturada, hidratação, e evitar confrontar frente a alguma confusão.
O paciente nem sempre vai entender o seu quadro, cabe sabedoria por parte da rede de apoio para lidar com as diferentes fases da Doença do Alzheimer.
Afinal, com o passar dos dias a tendência é que os episódios de esquecimentos fiquem ainda mais frequentes até que a independência do idoso seja totalmente comprometida.
Adaptações na rotina após o diagnóstico da Doença do Alzheimer
Na fase mais inicial da doença, os pacientes podem continuar a sua vida normalmente. Afinal, é possível continuar seus passeios, atividades cotidianas e até mesmo dirigir.
É a fase para já alinhar questões legais com a participação ativa do paciente.
Mas é claro que tudo isso deve ser avaliado e reavaliado periodicamente por um especialista, pois com o passar do tempo, a doença tende a avançar o estágio, e com esse avanço algumas coisas que eram seguras no início, passam a não ser mais.
Por isso, mantenha sempre a rotina de médicos para identificar essa evolução e fazer os ajustes necessários.
Os responsáveis pelos cuidados devem entender o tempo de memória do idoso para construir uma melhor convivência com base na compreensão.
A rotina após o diagnóstico deve estimular a mente com brincadeiras, músicas e jogos.
Se possível manter a pessoa no ambiente que seja mais familiar para ela, que ela se reconheça nos objetos ali presentes.
A alimentação, os horários e até mesmo os estímulos indicados devem ser seguidos rotineiramente. Caso não haja uma rotina, esse é o momento de construir para que seja ainda mais leve um dia após o outro.
Mas o que nunca pode faltar é a paciência, dividir o cuidado e também cuidar de quem cuida.
Prevenir já é um começo
A forma com que aceitamos o diagnóstico da Doença do Alzheimer em um familiar pode fazer a diferença.
No entanto, assim como em outras doenças, a prevenção é o melhor caminho.
Alguns fatores de risco como a genética e a idade avançada não temos como intervir, mas 1 em 3 casos poderiam ser evitados atuando em alguns fatores de risco ao longo da vida.
Por isso, a seguir separei algumas atividades que podem reduzir as suas chances ou do seu familiar de desenvolver demência. São elas:
- Investir em educação e leitura;
- Prática de atividades físicas cotidianamente;
- Evitar uso de drogas e álcool;
- Controlar a glicose, o peso e a pressão arterial;
- Manter um plano alimentar balanceado;
- Estimular a interação social;
- Cuidar da audição;
- Controlar a saúde mental, os níveis de estresse;
- Manter a mente ativa aprendendo algo novo ou jogos que estimulem o raciocínio e memória;
- Boa rotina de sono, com quantidade e qualidade adequadas.
Quando o assunto é saúde e qualidade de vida, é necessário investir em um acompanhamento multifuncional com profissionais qualificados.