O que é narcolepsia?
A narcolepsia é um distúrbio do sono que se caracteriza por uma sonolência excessiva durante o dia, às vezes com ataques súbitos e incontroláveis de sono, mesmo que se tenha dormido bem à noite.
Esses episódios incontroláveis podem ocorrer em qualquer situação, o que causa prejuízos em atividades do dia a dia, ou até mesmo acidentes.
É uma doença neurológica crônica, pouco lembrada e subdiagnosticada.
A doença é considerada rara, acometendo 1 a cada 2 mil pessoas, sendo 3 milhões de pessoas com narcolepsia no mundo.
Sua causa ainda não é totalmente conhecida, mas sabe-se que há mecanismos genéticos e autoimunes envolvidos, levando a alterações de substâncias no cérebro que comandam o sono e a vigília – orexina ou hipocretina.
A idade de início ocorre em dois picos principais, em torno dos 15 e dos 35 anos.
A narcolepsia pode ou não estar associada à cataplexia, que é a fraqueza muscular súbita.
Sintomas da narcolepsia
Os principais sintomas da narcolepsia são:
Sonolência diurna excessiva
É aquela sensação de estar sempre sonolento, cochilando com facilidade e em situações inapropriadas, como em uma sala de espera ou dirigindo.
Essa sonolência ocorre mesmo tendo dormido bem na noite anterior, sem uma privação de sono crônica, outros distúrbios de sono ou doenças clínicas associadas.
Tais episódios de sono repentino podem ocorrer poucas ou várias vezes no mesmo dia.
É mais frequente durante atividades que causam monotonia, como dirigir em uma estrada, assistir a um filme ou participar de uma reunião.
As sonecas costumam ser restauradoras, mesmo que durem poucos minutos.
Fragmentação do sono
O sono picado, ou seja, dormir e acordar diversas vezes durante a noite, é um sintoma frequente na narcolepsia.
Os fatores que fazem você acordar são sonhos bastante vívidos e, por vezes, causam sustos. Dessa forma, o corpo e a mente não conseguem relaxar completamente e o sono não revigora a disposição, provocando sonolência no dia seguinte.
Paralisia do sono
Quando a pessoa acorda, mas não consegue se mexer, isso se chama paralisia do sono.
Há referência a esse fenômeno em várias culturas e crenças, associando algumas vezes a demônios ou espíritos, como na tela The Nightmare, de John Henry Fuseli, e também no nosso folclore na figura da “Pisadeira”.
Quem vivencia essa condição conta se sentir bastante assustado, mas não se apavore.
Ela é explicada pela ciência como uma condição que ocorre na transição entre o sono e a vigília, com uma desconexão entre esses estágios, como se a mente já estivesse acordada e o corpo ainda dormindo, em uma fase de intenso relaxamento muscular, e por isso, não consegue se mexer.
Costuma durar alguns ou vários minutos. Nem todos que tem narcolepsia vivenciam a paralisia. Ocorre em apenas 25% dos casos.
A paralisia do sono pode também ocorrer em pessoas que não têm a narcolepsia, principalmente associada ao estresse, falta de uma rotina de sono, privação de sono e uso de estimulantes.
Uma coisa que pode fazer o paciente sair da paralisia é o toque de uma outra pessoa, movimentar os olhos explorando o ambiente e se concentrar na sua respiração.
Alucinações
Ver e ouvir o que não existe pouco antes de dormir ou ao acordar é um dos sintomas da narcolepsia, chamadas de “alucinações hipnagógicas ou hipnopômpicas”.
As alucinações ocorrem nas transições entre o estado de sono e vigília, são bastante claras e se parecem com sonhos realistas, com bastante intensidade.
Um terço das pessoas com narcolepsia têm essas alucinações.
Cataplexia
É a perda da força muscular repentina, sem perda de sentidos. Se a pessoa estiver segurando alguma coisa, pode deixar cair no chão subitamente.
É o mesmo tipo de relaxamento que ocorre no sono REM. Pode ser desencadeada por emoções fortes, como raiva, medo e até felicidade e riso.
Como é feito o diagnóstico da narcolepsia
O tempo entre o início dos sintomas até o diagnóstico gira em torno de 8 a 15 anos!
O diagnóstico da narcolepsia é feito a partir da suspeita clínica devido à sonolência excessiva, cataplexia, fragmentação do sono e alucinações hipnagógicas ou hipnopômpicas, afastando outros diagnósticos diferenciais, e confirmada por meio de exames como polissonografia e o teste de latências múltiplas do sono.
A polissonografia consiste em um exame que se faz durante o sono. O paciente dorme em um ambiente preparado, chamado de “laboratório do sono”. Seu sono é monitorado por um aparelho. São colocados eletrodos na cabeça para que a atividade elétrica do cérebro seja registrada.
O movimento dos olhos, pernas e respiração também são monitorados. Através deste exame são afastadas outras doenças do sono que podem estar provocando a sonolência excessiva, como a apnéia obstrutiva do sono.
Na narcolepsia, a latência para o início do sono é bem curta, ou seja, a pessoa deita e dorme extremamente rápido, além de entrar em sono REM já logo nos primeiros minutos após adormecer. Essa é uma fase do nosso sono caracterizada por movimento rápido dos olhos, atividade cerebral semelhante a quando estamos acordados e grande relaxamento muscular.
O teste de latência múltipla do sono, também realizado no “laboratório do sono”, é feito após a polissonografia, continuando com os mesmos aparelhos para monitorização durante o dia, dando cinco oportunidades para que a pessoa durma, sendo registrado o que acontece.
Na narcolepsia, nessas oportunidades de sono, a pessoa adormece bem rápido e entra logo no estágio de sono REM (que normalmente só ocorreria após vários minutos ou horas de sono), o que é chamado de SOREMP – sono REM precoce.
Pode também ser medida a quantidade de hipocretina no líquor (líquido cefalorraquidiano que envolve todo o cérebro e a medula espinhal), que estará reduzida em um tipo de narcolepsia.
Tratamento para narcolepsia
O tratamento é indicado pelo médico neurologista e envolve mudança de hábitos e medicação.
Com sintomas mais leves, é indicado manter uma rotina de sono saudável, com horas suficientes de sono e pequenos cochilos programados durante o dia.
No caso de sintomas mais graves, podem ser prescritas medicações que ajudam a pessoa a ficar vigilante ou que reduzem a sonolência. Outra opção são medicamentos estimulantes.
Narcolepsia tem cura?
A narcolepsia não tem cura, porém, a pessoa pode conseguir uma boa qualidade de vida com o tratamento adequado e o acompanhamento de um especialista.
Onde encontrar médico que trata narcolepsia em Joinville?
Em Joinville, a neurologista Renata Barbosa atua com ênfase em Medicina do Sono e está preparada para diagnosticar e tratar a narcolepsia.